quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Brasileiro confia no discurso verde das empresas

por mmonline

Estudo do grupo Havas feito com 13 países indica que o público daqui é o que mais acredita que questões socioambientais podem ser resolvidas pela ação das companhias, e não dos governos. No Brasil, Natura se destaca.


A edição 2010 da pesquisa “Futuro Sustentável”, feita pelo grupo Havas, aponta que o brasileiro confia mais nas empresas do que no governo quando o assunto é sustentabilidade. De acordo com esse estudo, que ouviu 30 mil pessoas por meio de sondagem pela internet, 60% dos habitantes daqui têm essa visão – de que as companhias podem lidar melhor com problemas socioambientais –, enquanto que a média geral ficou em 40%.

Em relação ao trabalho feito em 2009, a pesquisa indica que a preocupação do brasileiro com o assunto aumentou. No levantamento atual, 58% dos entrevistados daqui disseram estar mais atentos, um aumento de nove pontos percentuais.

Sobre o papel das empresas, na análise global, 76% dos consultados (contra 70% em 2009) colocam nas companhias – e não nos governos – a responsabilidade por medidas sustentáveis e sociais. Mas 68% entendem que as corporações somente falam de sustentabilidade para melhorar a imagem. Esse índice entre os brasileiros é significativamente menor: 23%.

Se a avaliação for pelo outro lado, o do envolvimento governamental, nós somos céticos. Dos brasileiros, 40% não acreditam que o poder público possa resolver problemas nesse campo. Para os consultados dos demais países, o percentual de descrença é mais baixo, 21%.

Além de depositar sua fé nas empresas, os brasileiros gostam de premiar as companhias, mais do que as demais populações. Essa disposição é encontrada em 90% dos entrevistados, enquanto que o índice global ficou em 80%. De todos os brasileiros ouvidos, 82% puniram de algum modo as corporações que não adotam práticas socioambientais – no restante do mundo o percentual ficou em 90%.

Perguntado se, diante de tais números, o brasileiro é mais bonzinho, o coordenador do trabalho no País, André Zimmermann, da Media Contacts (uma das agências do grupo Havas), prefere dizer que o público é menos crítico. “Parte dos resultados tem mais a ver com a maturidade dos mercados desenvolvidos. Nesses lugares, a população é mais exigente porque o ‘fazer algo’ deixou de ser um diferencial”, explica.

Marcas

Entre os temas sondados está o desempenho das marcas. Os brasileiros citaram espontaneamente a Natura como a empresa mais ligada à sustentabilidade, com 27% das respostas. Em segundo lugar ficou a Petrobras (22%). Nestlé (15%), Vale (14%) e Banco Real e Bradesco (9% cada) vêm em seguida.

Nos Estados Unidos, a dianteira coube ao Walmart, com 8% das citações. A segunda posição está dividida entre GE e Johnson & Johnson, com 5% cada. Globalmente, a corporação que mais se destacou foi a Ikea.

Para Hernan Sanchez, CEO da Havas Intelligence e coordenador do estudo mundial, os resultados demonstram que as corporações ganham importância e valor aos olhos do consumidor caso estejam efetivamente comprometidas com a sustentabilidade. Os pesquisadores perguntaram se os entrevistados ficariam preocupados com o desaparecimento de uma companhia no futuro.

“Eles não se incomodariam se dois terços das marcas globais sumissem. Mas descobrimos também uma forte relação entre as marcas e a sustentabilidade, sugerindo que quanto mais sustentável ela for, mais importante ela será para o consumidor”, alerta. Por isso, Sanchez salienta: “Quando uma empresa se preocupa com as pessoas, a sociedade, o planeta e contribui para fazer a diferença, ela redefine sua relação com o público”.

Segundo Zimmerman, isso deixa claro que há grandes oportunidades para as marcas. Como, no entanto, há também ceticismo em relação ao posicionamento das empresas, ele diz que é preciso propagar adequadamente o que se faz. “As empresas devem comunicar se tem práticas consistentes, mas será melhor se elas puderam incluir o público. Seria algo assim: temos um projeto de reflorestamento e você pode contribuir desta maneira. Isso faz mais sentido para o consumidor, que busca informações”, recomenda.

Consumidores mais engajados

A pesquisa “Futuro Sustentável 2010” avaliou também o engajamento dos consumidores. O público foi classificado em cinco perfis, conforme a relação do entrevistado com o tema da sustentabilidade: dedicados, passivos, céticos, descompromissados e críticos. Os resultados apontam que os desinteressados diminuíram. O perfil que mais cresce é o dos dedicados.

Os devotados são 46% dos brasileiros, um aumento de 10% sobre o número de 2009. Os passivos são 17%, mesmo índice da edição anterior. Os críticos correspondem a 16%, uma alta de 2%. Os céticos e os descompromissados respondem por 11%.

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